18 de agosto de 2009

O que seria do branco se todos gostassem do vermelho? Temos que nos adaptar.

Ultimamente tenho mergulhado de cabeça na fantasia Crepúsculo... em menos de 20 dias eu já li os dois primeiros e estou começando o terceiro. (Crepúsculo - Lua Nova - Eclipse - Amanhecer)
Acho que minha fascinação pelo romance fantasiado é pra fugir da cruel realidade do mundo muito humano que vivemos.
Nem se preocupem em relacionar o que eu vou escrever com alguma fase ruim.. Eu estou muito bem, obrigada!
Mas tenho reparado muito no comportamento das pessoas (inclusive eu) e resolvi escrever sobre isso...
É incrível como somos tão diferentes um dos outros e com alguns um acordo de paz é praticamente impossível! Mas mesmo assim precisamos da convivência.. estranho neh?
Pessoas resistentes a mudança, com prioridades e pensamentos muito diferentes dos nossos..mesmo sendo tão próximas de nós.
Como podemos agir para amenizar essas diferenças???
Resolvi jogar no google e achei uma matéria interessante.. vou postar o que acho pertinente à situações que eu vivencio.


CONVIVÊNCIA COM O PRÓXIMO

Um antigo psiquiatra, já falecido, o qual me incentivou nos primeiros passos da psiquiatria, não se cansava de dizer que a maior causa de aborrecimentos do ser humano é outro ser humano, muito embora dissesse também, que a maior causa de alívio desses aborrecimentos é outro ser humano.

Interessa aqui falar um pouco da primeira parte dessa questão, ou seja, da má influência de nosso próximo em nosso estado de espírito. Se a colocação de meu antigo mestre for verdadeira, e parece que é, então para o bem-viver emocional devemos aperfeiçoar nossa capacidade de convivência com nosso semelhante.

Ao falar sobre a capacidade de nossos semelhantes em nos aborrecer estamos falando das frustrações, mágoas e irritabilidade que nossos semelhantes podem produzir em nós. Conforme veremos adiante, de antemão podemos dizer que nossas frustrações, mágoas e irritabilidade, são proporcionais àquilo que esperamos dos outros; quanto mais esperamos, mais sofremos.

Sempre que esse fato é comentado algum paciente pergunta quase angustiado: ¾ então não devemos esperar nada de ninguém? Não, não devemos. E é bom acostumarmos com essa idéia. Quanto mais esperamos de alguém, mais corremos o risco de frustrações, mágoas e irritabilidade.

Portanto, é bom fazermos tudo aquilo que fazemos sem esperarmos nada em troca, fazemos por uma questão de consciência. Se algo de bom vier de nossos semelhantes será um lucro agradável e, se não vier nada, será normal. (na teoria é fácil.. mas a prática exige prática rs)

O ser humano, apesar dos milhares de anos conseguindo se adaptar à natureza, conseguindo sobreviver às intempéries, aos terremotos, aos animais ferozes, às epidemias e à toda sorte de dificuldades e perigos que o mundo oferece, continua hoje sofrendo e sendo vítima daquilo que sempre lhe pareceu o menor dos perigos: seu semelhante e ele mesmo.

É muito difícil tratar dessa importante questão de nosso relacionamento com os outros e conosco mesmo de forma resumida e prática. Primeiro, devido ao risco de falar o óbvio e aquilo que todos já sabem e, segundo, corre-se o risco de falar coisas desagradáveis de se ouvir.

Durante toda nossa história podemos experimentar algum sofrimento, mágoa ou desencanto com nosso próximo e, não obstante, este sofrimento, mágoa e desencanto serão tão maiores quanto menos nos conhecermos e menos conhecermos nosso próximo. Aliás, conhecer nosso próximo só é possível na medida em que conhecemos nós mesmos.

Uma das maiores dificuldade de convivência entre as pessoas se baseia no fato do ser humano se apresentar um ser social por natureza e, simultaneamente, um ser egocêntrico. Por sermos sociais, somos incapazes de viver sozinhos no mundo e, por sermos egocêntricos somos, ao mesmo tempo, incapazes de conceder aos nossos semelhantes as mesmas regalias que nos concedemos. Portanto, sozinhos não conseguimos viver e, paradoxalmente, com o outro também é difícil. (isso é crucial.. como fazer essa façanha???)

Para compensar essa peça que a natureza nos pregou, fomos dotados de um atributo muito especial: somos capazes de mudar. Trata-se do livre arbítrio ou seja, da capacidade de mudanças, de procurar um amanhã melhor que o hoje. Normalmente nossa evolução acontece através de mudanças em posturas e em atitudes diante dos semelhantes e da vida. Neste trabalho vamos falar sobre as dificuldades da pessoa em conviver com seu semelhante e reservamos para outro escrito as questões relativas à convivência da pessoa consigo mesma.

Estando a pessoa sofrendo alguma mágoa ou frustração produzida por outra pessoa ou por circunstâncias do destino, será melhor pleitear uma mudança em sua própria postura diante dos outros e do mundo para que não se magoe e nem se frustre. Essa é a atitude mais sensata psiquiatricamente falando, principalmente porque o psiquiatra não tem acesso e não pode mudar o outro e nem o mundo.

Inicialmente, vamos considerar que a mágoa, o aborrecimento, a irritabilidade e a frustração são sempre de autoria da pessoa que se sente magoada, aborrecida, irritada e frustrada. São sentimentos que nascem na própria pessoa, portanto, a culpa, no sentido involuntário do termo, deve recair sobre quem está magoado, aborrecido, irritado e frustrado. É a pessoa quem alimenta tais sentimentos, é ela quem se deixa magoar, frustrar e aborrecer.

Assim sendo, em termos de sentimentos, o raciocínio mais correto é dizer que a pessoa deixou-se magoar por fulano e não que foi magoada por ele. Não deve ser fulano quem nos irrita mas sim, nós nos deixamos irritar por fulano. Portanto, como se vê, nossos aborrecimentos têm uma origem dentro de nós, são sentimentos nossos.

Primeiramente, se nos sentimos magoados, aborrecidos, irritados e frustrados sem que essa tenha sido a intenção do outros, a culpa é de nossa sensibilidade. Estão nessa situação os sentimentos de humilhação que experimentamos quando nosso orgulho é ofendido. Ora, estamos falando de nosso orgulho. Ou nos sentimos magoados quando achamos que não estamos sendo gostados o tanto que gostaríamos de ser gostados. Ora, a quantidade que gostaríamos de ser gostados é nossa pretensão, portanto, de nossa exclusiva responsabilidade. Ou nos sentimos frustrados porque o outro não satisfaz nossas expectativas. Ora as expectativas são construídas por nós, portanto, de nossa autoria.

Em segundo lugar, mesmo sendo intenção dos outros nos magoar, humilhar, frustrar ou irritar, se estivermos muito bem conosco mesmo, jamais nos deixaremos abater por tais sentimentos. A fragilidade sentimental (afetiva) favorece nossa vulnerabilidade às más intenções de nossos semelhantes.

Nossas frustrações costumam ser proporcionais às nossas pretensões. Quem deseja ser sempre obedecido incondicionalmente, com certeza terá muitas oportunidades na vida para sentir-se frustrado. Da mesma forma quem deseja ser sempre e por todos compreendido, amado, aplaudido, respeitado, etc. Muitas vezes nos magoamos por sentir que não estamos sendo gostados o tanto que gostaríamos de ser gostados, nos sentimos humilhados por não sermos prestigiados o tanto que achamos que merecemos, e assim por diante.

Uma das causas de nossas frustrações é também a sensação de falta de reciprocidade, ou seja, quando não fazem conosco ou para nós o mesmo que acreditamos ter feito (de bom) aos outros. Isso significa que fazemos alguma coisa na esperança de um retorno com lucro. As pessoas se irritam ao esperar na fila porque, normalmente, não gostam de deixar ninguém esperando por elas. A realidade nua e crua, é que as não gostamos de deixar outros esperando porque não gostamos de esperar, somos gentis no trânsito na expectativa de que sejam gentis conosco, damos esmolas porque não gostamos de nos sentir sem dinheiro, somos honestos porque esperamos honestidade dos outros... Como vemos, nosso parâmetro de bondade, caridade, compreensão, etc. é sempre nós mesmos.

Essas pretensões para que nossos próximos façam isso ou aquilo, que procedam dessa ou daquela forma nascem e existem dentro de nós. Mas, por outro lado, nosso semelhante também tem, tal como nós, suas pretensões. Aliás, as mesmas pretensões que temos. Ora, como poderíamos pretender um equilíbrio harmônico entre duas pessoas que pretendem, simultaneamente, serem ambos admirados, gostados, respeitados, obedecidos, etc. se essas pessoas não entenderem que ambos são iguais? Frustrar-se e magoar-se porque meu próximo também pretende ser admirado, gostado, respeitado e obedecido é, no mínimo, um grande contra-senso.

Para entendermos nosso semelhante basta consultarmos nossas próprias pretensões, pulsões, inclinações e anseios (é por isso que ele se chama nosso semelhante). Portanto, tudo começa com a consciência à respeito de nós mesmos.

- Irritar-se e magoar-se com os muito próximos

Estão incluídas aqui os familiares mais próximos, como os cônjuges, filhos, pais, irmãos e amigos íntimos. Sendo esse outro uma pessoa muito próxima, alguém de quem gostamos, nossa exigência para com ele será maior, e será tão maior quanto maior for nosso apreço à ele.

Esses muito próximos normalmente nos irritam porque sentem frio ou calor demais, são desorganizados, deixam a torneira pingando ou implicam com a torneira que deixamos pingando, apertam o tubo de creme dental no meio ou se irritam quando fazemos isso, chegam tarde, não dão flores, não valorizam nosso serviço, não gostam das coisas que gostamos, não são tão responsáveis quanto nós, são muito exigentes, têm péssimo gosto musical, se preocupam com besteiras, são muito despreocupados, não retribuem tudo o que lhes fazemos, não têm sentimentos de gratidão para conosco, não nos compreendem, não gostam de nós o tanto que gostamos delas, não lembram datas importantes para nós, não odeiam as pessoas que odiamos, conseguem ficar indiferentes quando estamos irritados e assim por diante.

Exigimos dos nossos muito próximos que concordem com nossos mesmos princípios e pensamentos senão, obviamente, estão errados. Exigimos que se comportem, pensem e julguem tal como faríamos e se, porventura estiverem em desacordo com esse ser especial que somos nós, será motivo suficiente para nos irritar.

Para estarmos de bem com nossos muito próximos, até seus sentimentos devem ser iguais aos nossos: devem antipatizar-se com as pessoas das quais não gostamos, devem achar imoral aquilo que achamos, devem preferir tudo aquilo que preferimos e desprezar tudo que não gostamos, devem ser muito gratos à nós e nos gostar na medida em que achamos justo e assim por diante.

Exigimos dos muito próximos que nossos desejos não sejam apenas atendidos, mas também adivinhados, sem que tenhamos de explicar quais são esses desejos, pois, explicando e pedindo uma postura desejável não seria espontâneo, como gostaríamos que fosse. É muito importante que nosso muito próximo saiba exatamente o que nos agrada, tenha nossa mesma escala de valores e faça seus julgamentos com nossos mesmos critérios.

Há pessoas que não se dão conta dessa nossa exigência desmedida em relação ao nosso muito próximo. Consideram a mágoa e irritabilidade provocada em nós por nosso muito próximo como uma resposta emocional correta, adequada às injustiças e às questões de certo e errado. Mas, quais são esses critérios de justiça, de certo e de errado?

Ora, seria um enorme contra-senso nós, pessoas maravilhosas que somos, estarmos defendendo conscientemente o injusto e o errado. Supomos, então, que tudo aquilo que pensamos e julgamos é certo e justo. Entretanto, este certo e justo são frutos exclusivos de nosso ponto de vista e não do ponto de vista de nosso próximo.

Na realidade nos magoamos muito quando nossas expectativas em relação ao nosso muito próximo não são satisfeitas, quando ele não se comporta do jeito que comportaríamos se fôssemos ele. Nos magoamos quando ele não sente o mesmo que sentiríamos se fôssemos ele. Resumindo, nos magoamos sempre que este nosso muito próximo age, pensa e se comporta diferente de nós mesmos, diferente daquilo que desejamos, diferente daquilo que achamos certo, enfim, diferente de nós.

É sadia a idéia de não ser nosso próximo quem nos irrita mas sim, nós quem nos deixamos irritar por ele. Sempre que nosso muito próximo proceder de forma contrária àquilo que esperamos dele nos irritamos. Esse ser tão especial como nós, jamais poderá ter seus conceitos, idéias e julgamentos contrariados.

Isso nos faz voltar à questão de nossa frustração ser proporcional às nossas pretensões. Se pretendemos que nosso muito próximo seja como nós, pense igual à nós, julgue como nós e dê valor às coisas absolutamente como nós, podemos nos considerar frustrados e irritados desde já, pois, ele não é nós, ele é ele. Não adianta nos frustrarmos diante da eventual ingratidão desse nosso muito próximo para conosco, apesar de tudo o que fazemos por ele. A pretensão da gratidão e de reciprocidade nasce em nós. Também não adianta nos frustrarmos porque nosso muito próximo não antipatiza com as mesmas pessoas que nos são antipáticas ou não goste tanto das pessoas de quem gostamos; seus sentimentos são diferentes dos nossos.

Não há erro no fato de nosso muito próximo ser diferente de nós, ou seja, ele não é culpado pelo simples fato de ser uma pessoa diferente de nós. O erro é pretendermos que ele seja como nós e essa pretensão para que ele seja como nós é nossa, ou seja, a culpa por estarmos decepcionados, magoados e irritados é nossa.

Diante da irritação e mágoa proporcionadas por esse nosso muito próximo diferente de nós, podemos ter duas atitudes possíveis:
1 - Pretender uma mudança em nós mesmos de forma a aceitar nosso próximo tal como ele é e sem que isso nos magoe, nos irrite ou nos frustre ou;
2 - Pretender uma mudança em nosso muito próximo de forma a torná-lo mais parecido com aquilo que gostaríamos que fosse e, com isso, sofrermos menos.
Essas duas questões merecem uma reflexão maior. Nem uma nem outra atitude deve ser absoluta e definitiva. Devemos avaliar uma posição sensata e intermediária, analisar os custos (emocionais) e os benefícios para optar entre uma coisa e outra.

--

eu sei, eu sei..ficou gigantesco e talvez nem seja a resposta que procuro.. mas é um começo. Ainda vou pesquisar mais sobre isso... vou acabar louca num curso de psicologia rs...

tem mais sobre essa matéria aqui
--

bjo.tchau

3 comentários:

Anônimo disse...

Ficou muito bom e é a mais pura verdade, so que muito complicado.

beijos

Anônimo disse...

Carla

Uma Mulher de Fases disse...

Cristo, vc realmente fez um post gigantesco! Me avisa quando entrar na faculdade que eu entro tbm, vc faz psicologia e eu direito, assim em 5 anos estaremos de novo numa comissão de formatura, rs!
Beijos