25 de março de 2010

A vida de quem fica

O meu sofrimento é diferente do sofrimento da minha mãe e da minha tia, que é diferente do sentimento da minha avó. Perdemos o mesmo homem mas eu perdi meu avô e padrinho, minha mãe e minha tia perderam o pai e minha avó perdeu o companheiro de 54 anos, o amor da vida dela.

Não estou vivenciando a rotina da minha avó e da minha tia de perto, mas estou um pouco preocupada com minha mãe. Ela está meio down, sem vontade de fazer nada e martelando que poida ter feito isso, podia ter feito aquilo (pra salvar a vida dele).

Comentando com a Tai sobre minha preocupação, ela me mostrou um texto sobre "as fases do luto" e dai resolvi pesquisar um pouco mais e encontrei textos interessantes que me deixaram mais tranquilas.

Vejam este:


A morte desorganiza, deprime. Mas o luto tem começo, meio e fim. Nesse processo, a dor da perda se transforma em saudade, e a vida continua, com outro sentido. Por Rosane Queiroz
Uma mulher vai até Buda com o filho morto nos braços e suplica que o faça reviver. Buda diz a ela que vá a uma casa e consiga alguns grãos de mostarda. Mas, para trazer de volta a vida do menino, esses grãos devem ser de uma casa onde nunca morreu ninguém. A mãe vai de casa em casa, mas não encontra nenhuma livre da perda.

A parábola budista explora a lição mais óbvia e mais difícil da vida. A dificuldade de encarar o fim como parte da existência é o que faz do luto uma experiên-cia tão assustadora. "A morte é sempre vista como um acidente de percurso ou um castigo divino", diz a psicóloga Clarice Pierre, especializada no atendimento de doentes terminais. Desde a infância o ser humano não é treinado para perder, mas para ter, acumular. "Os pais protegem os filhos das frustrações, e perder é essencial para entender que nada é permanente. E me refiro a perder desde jogos, até objetos e pessoas", diz Clarice.

Se o desapego budista é uma utopia, a preparação para encarar a morte de forma menos traumática é possível, e começa mesmo na infância. "Criança pode ir a velório e receber respostas honestas sobre a morte, em vez de explicações fantasiosas, como a de que a pessoa viajou ou virou uma estrela." No dia a dia, é preciso tratar as perdas como parte da vida. "Ensinar sobre a finitude ajuda a objetivar a existência, reduzindo a angústia existencial."

Os sintomas do luto são divididos em fases: choque, negação, raiva, depressão e aceitação. Nesse processo, a pessoa experimenta desinteresse pela vida, culpa, baixa auto-estima, angústia, revolta. A duração e a intensidade desses sentimentos vão depender do histórico de perdas da pessoa, e também do grau de relação com quem morreu (a perda mais dura seria a de um filho, pois quebra um ciclo "ilusoriamente previsível") e do tipo de morte. "Nas mortes traumáticas, acidente, suicídio, assassinato, pode haver uma fase de negação mais prolongada, a culpa e a revolta podem aparecer com mais intensidade", diz a psicóloga Maria Helena Bromberg, do 4 Estações, um centro de pesquisas sobre luto e atendimento a enlutados, em São Paulo.

"A princípio eu ia fazer uma loucura, queria matar ele, a família, todo mundo", diz o empresário Loudeber Castanho, 51, que perdeu a filha de 23 anos, assassinada a tiros supostamente pelo ex-namorado. O que o reteve e confortou foi "um lado espiritual" que a filha deixou. "Antes de morrer ela estava lendo 'Somos todos Inocentes', da Zíbia Gasparetto. Às vezes falava: 'Pai, dá uma lidinha no que eu sublinhei. E eu, na correria, não dava atenção. Depois, transtornado, comecei a rastrear as frases e a decifrar o que ela queria me dizer. Descobri que o espírito não morre. Foi a única coisa que me acalmou", diz.

Para superar o luto, é importante não sublimar a dor. "É para doer mesmo", diz Maria Helena Bromberg. Faz bem à família se reunir para chorar, conversar sobre o assunto, olhar retratos. Os rituais também ajudam, porque a recuperação é centrada na aceitação. "O velório permite que as pessoas se despeçam e que o enlutado seja reconhecido como tal", diz ela.
O período luto-casa dura cerca de dois meses. Aí cessam as visitas e a dor costuma piorar. É quando costuma ocorrer uma tentativa de resgatar o cotidiano anterior à perda, o que é impossível. A psicóloga Clarice Pierre diz ser importante, nesse estágio, se desfazer de objetos e roupas de quem morreu, e mudar hábitos. Muita gente muda de casa, de profissão, se engaja em uma causa.

Tem a reportagem na íntegra no site da Marie Claire e eu acho interessante ler sobre isso, afinal não somos ensinados e preparados para perder pessoas queridas, mesmo sabendo que é natural.

Vou respeitar o luto da minha mamãe mas também vou ficar de olho pois não quero que ela fique doente, afinal a vida tem que seguir.

bjo.tchau

3 comentários:

Karla disse...

Sou espírita então acredito que ele desencarnou e está em algum lugar sendo amparado por alguém. Devemos rezar porque nossas orações serão ótimas para ele. Podemos chorar, é difícil essa separação carnal mas nunca questionar o porquê. Chegou o momento dele e como vc disse: Deus sabe o que faz.

Que ele seja feliz onde estiver. Agora ele é uma estrela lá no céu que está olhando por vcs e quer que vcs sigam a vida, felizes!

Karla disse...

Sou espírita então acredito que ele desencarnou e está em algum lugar sendo amparado por alguém. Devemos rezar porque nossas orações serão ótimas para ele. Podemos chorar, é difícil essa separação carnal mas nunca questionar o porquê. Chegou o momento dele e como vc disse: Deus sabe o que faz.

Que ele seja feliz onde estiver. Agora ele é uma estrela lá no céu que está olhando por vcs e quer que vcs sigam a vida, felizes!

Unknown disse...

Nossa, Fer... lindo isso....e também concordo com a Karla.... estou muito bem em relação a isso.... sinto que aqui só ficou a matéria....sei lá... um corpo de borracha e ele está num lugar lindo.... agora sendo amparados por médicos... que irão deixá-lo curado pra prosseguir seu caminho,ainda aprendendo, ensinando, conhecendo.... mas de um modo mais leve....limpo.... lindo!!!!!! Só espero que ele aceite tudo isso.... pois vc sabe.... nosso avô sempre foi "turrão"... imagina ele vendo e aceitando essa mudança toda...eheheheh!!!!! Sempre Sr. Achilles....eheheheh!!!!!
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